Atibaia, 11 de janeiro de 2016.
Amado meu,
não dá pra dizer que eu sei exatamente o que o futuro nos reserva. Se a rotina com o Beni muitas vezes já é desgastante para nós dois, imagino o cenário com dois bebês. Exigências como resignação, paciência, tolerância, flexibilidade, resiliência e muito amor e diálogo são apenas algumas das coisas que – isso sim – tenho certeza que precisaremos colocar em prática.
Temos nossas crises; quem é que está livre disso não é mesmo?
Algumas vezes nos questionamos “como teria sido se…”:
– eu me desse com São Paulo;
– tivéssemos tido mais tempo para nos curtir enquanto namorávamos;
– você não fosse jornalista;
– conseguíssemos juntar a grana que sempre achamos que conseguiríamos para isso ou aquilo;
– eu não tivesse tido paciência com seus plantões e ausência em tantos eventos importantes para nós;
– o cansaço não falasse mais alto.
Eu tento imaginar um cenário diferente. Não consigo.
Novamente, por uma jogatina do destino, o cotidiano nos impede de estarmos juntos e conectados como gostaríamos. Seu trabalho suga quase toda sua energia, assim como o trabalho de casa – chato que só ele – suga toda a minha.
Tem dias que são mais difíceis. Já quando a razão toma seu devido lugar, lembro-me que todas estas foram escolhas nossas, decididas em conjunto, duramente conversadas e dialogadas.
Se estamos acertando, isso saberemos lá na frente.
Já diz o trecho de `Filtro Solar`: “nossas escolhas têm sempre metade das chances de dar certo, é assim pra todo mundo”.
Sei que será um baita desafio, mas quando foi diferente?
Talvez por isso eu sonhe TANTO com um ano sabático, imaginando nossa família evoluindo espiritualmente, compartilhando de experiências de vida únicas e inesquecíveis e tendo oportunidade de conhecer cada pedacinho nosso que ainda não foi explorado por falta de tempo. As descobertas não serão as mesmas de 8 anos atrás, afinal, por quantas já passamos, e de quantas formas nos transformamos… que bom!
Que a caminhada da vida permita que sejamos eternamente transformados pelo amor entre nós dois, em família, pelos nossos filhos e por tudo que isso representa para nós.
Que Deus nos preserve e que a gente não se perca.
Que aceitemos as transformações bonitas da maturidade de um relacionamento que de dois viram tantos!
Que a gente continue sonhando junto e batalhando para realizar cada um de nossos desejos.
Que saibamos respeitar o espaço um do outro quando o esgotamento físico e mental aparecer – sabemos que vez ou outra isso acontece!
E que, tendo a sorte de sermos pais cedo, que sejamos inundados de saúde para fazer valer nosso papel como educadores e aprendizes de nossos pequenos e que tenhamos ainda muitos anos para viver de forma mais leve, desfrutando da beleza do envelhecer.
Amo você.
Sua sempre,
Lillica.