SEN-SA-CIO-NAL!

Silenciar não é emudecer. Só ando um pouco cansada e irritadiça, daí fico um pouco mais quieta para não magoar ninguém… E ainda esta demanda emocional o tempo todo. Mas eu me predispus a esta vida. Ontem eu dei uma faxina em casa à noite. A chuva fez um estrago estrondoso na cidade e eu limpava as coisas do lado de dentro como quem poda as árvores que se atiram desistentes. Tenho muita tristeza por estas árvores que desistem de seus galhos e abrem um abismo no caminho: não abrem o caminho, abrem uma ferida na estrada. Mas limpei as coisas com fúria na tentativa de amenizar a aspereza de dizer coisas. Havia apenas um monólogo interno. Meus pensamentos desarrumados. Só uma sensação posta em ação. Tirar a sujeira da vida prática enquanto o imundo do fundo do copo se agita. E todas as palavras estavam amarrotadas, arrancadas das garrafas lançadas ao mar…


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