Atibaia, 17 de dezembro de 2015.
Ouvindo Geraldo Azevedo – diversas.
Sempre que um livro mexe comigo, transcrevo algumas frases para sempre me lembrar de enredo, personagens, impressões que me causaram. É engraçado, apesar de amar ler, minha memória raramente guarda detalhes sobre a estória em si; o que fica é a SENSAÇÃO.
Foi a primeira vez que li algo sendo escrito por alguém próximo. O Ernani é amigo antigo do Lu, e tive o prazer de conhecê-lo e a Ju – sua esposa – em nossa viagem a Europa em Abril/14.
Confesso que foi um livro tenso. Ao mesmo tempo que queria logo ler, fiquei MUITO surpresa com o final do enredo. Faz pensar e refletir o quanto as relações humanas são desafiadoras e cheias de interpretações errôneas, cheias de expectativas frustradas. Nem sempre conseguimos/aprendemos a lidar com isso. C’est la vie.
Vale a pena a leitura!!
Anota aí:
ONZE SEMANAS, Ernani Lemos, Chiado Editora.
SOBRE A MATERNIDADE
“Deus é muito esperto por nos deixar cegos e bobos diante das crianças. Em qualquer mulher adulta, pernas gordas e cheias de dobras seriam tudo menos apaixonantes. Mas se tratava de um bebê.”
“Os amigos, depois da euforia e curiosidade dos primeiros dias, foram sumindo aos poucos. Não há como culpá-los por isso. No lugar deles, eu provavelmente teria feito o mesmo. Ninguém pode se importar para sempre com as responsabilidades dos outros.”
“É difícil descrever a minha felicidade ao botar novamente o pé na rua e ter uma rotina ao lado de outros humanos. Desde então, não importa quais tenham sido as minhas obrigações, nunca houve um só dia em que eu sentisse vontade de reclamar do trabalho. Por causa da experiência de isolamento em casa, trabalhar virou sinônimo de viver. (…) De certa forma, aquele lugar funcionava pra mim como a sala de aula que eu não tinha mais, cheia de alunos com características diferentes que formavam um ambiente harmonioso de convivência diária. Eu voltei a fazer amigos.”
SOBRE A VIDA
“Todo acontecimento é mais complicado do que parece. Por isso costumamos julgar, muitas vezes injustamente, outras pessoas. Quase ninguém tem paciência de buscar os vários detalhes que nos fariam entender direito as histórias delas.”
“A maioria dos homens só quer saber das flores vibrantes e cheirosas. Quase ninguém tem paciência pra esperar os ciclos da natureza que em muitos momentos nos deixam sensíveis, entediadas, manhosas, bravas e até feias; ou ao menos com a ilusão de que estamos horríveis, o que deve ser até pior do que se isso acontecesse de verdade. (…) O ruim não é ser flor, é ser enfeite. É o uso que fazem ou querem fazer de nós.”
“Jogue no colo de alguém um problema novo e imediatamente nasce um especialista. Ninguém é incapaz de solucionar algo que implique em viver ou morrer. A gente aprende, se adapta e resolve.”
“Cada um tem o seu próprio fardo e eu acredito que só quem o carregou é capaz de narrá-lo com fidelidade.”
“Não há atrativo maior para tragédias duradouras do que a mentira. (…) Muitas vezes os nossos maiores traumas nos levam a cometer grandes erros de julgamento.”
“Esse é um dos problemas do mundo. A gente quase nunca á capaz de saber como os outros vão se sentir. E, geralmente, ninguém nem se importa tanto.”
“Todo trauma é uma oportunidade brusca de mudar a vida para melhor ou para pior.”
“A relação de amor entre duas pessoas, seja de mãe e filho, seja de marido e mulher, é desmedida por padrão. No inicio a empolgação de esforça para esconder todos os defeitos e no fim o cansaço faz esquecer todas as qualidades. Não há relacionamento em que uma pessoa veja a outra com justiça. Se existe alguém com quem nunca somos generosos, é com quem amamos.”
“Às vezes não é preciso ouvir as palavras dos outros para saber que as nossas chegaram aonde queriam.”
Dica boa! 😉
Meu beijo,
L.