Escrito em 29 de dezembro de 2015, ao som de Vertical Horizon.
Chega o fim de mais um ano.
Poderia simplesmente entrar na onda que paira no ar, reclamar e dizer o quanto o ano foi denso em tantos sentidos, sob tantos aspectos. Vi tantos amigos passarem por momentos delicados, tive diversas vezes contratempos com o Lu por conta de cansaço e readaptação de vida, imaginei um cenário totalmente diferente para 2015 e, mais uma vez, a vida me convenceu de que fazer planos é sim possível, desde que aceitemos de todo coração que controlamos absolutamente NADA quando o assunto é o futuro.
Por sorte, mantenho um blog que me lembra sempre das tantas coisas maravilhosas pelas quais devo ser grata. Às vezes, não é que a gente esquece, mas reclamar é muito mais fácil. Visões generalistas que não nos exigem um mergulho profundo em nós mesmos são muito mais confortáveis. Que bom que vou na contramão.
Eu percebo a cada dia, com maior intensidade, o quanto cada pequena frustração nos transforma de maneira absoluta quando estamos dispostos a.
No ano que fica pra trás, eu gostaria de ter viajado mais, de ter conseguido passar mais tempo com meu marido, de ter iniciado a faculdade de Letras planejada com o intuito de virar revisora e tradutora e assim ter uma profissão para ficar mais perto dos meus meninos; gostaria de ter juntado uma grana, de ter começado a escrever meu livro, de ter voltado a trabalhar. Gostaria de ter feito uma festança nos meus 30 anos, de ter ido mais vezes a Aparecida agradecer. Gostaria de ter ido mais a praia, de ter conseguido sair pra dançar por uma noite com o Lu, mesmo pagando o preço de ter que acordar cedo no dia seguinte. Gostaria de ter aproveitado mais o casamento da Fabi com o Ro e do Antonio com a Renata, ocasiões em que, além de reunirmos os amigos, estamos livres pra curtir estes momentos com uma boa vibração e grande energia positiva, mas no primeiro caso Benício estava doente e no segundo, ele precisou ir conosco – e isso acaba sempre nos limitando.
Eu gostaria de ter conseguido superar meu trauma de São Paulo: fiz planos, terapia, mas no meio do caminho, apareceu um teste positivo de gravidez que fez meu mundo girar e girar e girar, quase como numa crise de labirintite. E mudou tudo de novo.
O fato é que, em meio a tantos “gostarias” não realizados, teve tudo aquilo que deu certo: quando Beni completou 6 meses, o Lu passou a manhã em casa e tivemos um super café da manhã especial. Em março, quando nos mudamos para SP, percebemos o quanto família é essencial e aquele mutirão que nos ajudou na mudança nos ajudou a transformar uma casa em um novo lar. Lá, eu e o Lu conseguimos juntos testemunhar nosso filho engatinhando pela primeira vez. Foi também a primeira vez que ele tirou 3 semanas de férias – nunca em nossa relação tínhamos passado tanto tempo juntos; descobri, mais uma vez, o quanto meu marido é incansável!
Emoticon heart
Nestas férias, inclusive, que engravidamos. A despreocupação faz verdadeiros milagres, já que Miguel está entre aquele 0,01% de margem de falha nos anticoncepcionais. Ao descobrir a gravidez, soube que havia feito a escolha certa: a tranquilidade e a paz que Luiz Bernardo me passou certamente foram os diferenciais naquele momento em que fiquei apavorada.
Tivemos bons momentos em SP, como um final de semana na Vila Madalena levando Beni pra conhecer o Beco do Batman, e a ida ao Jardim Botânico para enxergar toda aquela beleza viva! Também eternizaram aquelas simples manhãs na piscina conversando bobagens ou as tantas noites em que, após chegar do trabalho, saíamos com Luna, Paçoca e Pixoxó para passear no condomínio, o que nos dava a chance de dialogar sobre tantos assuntos diferentes.
E no dia em que Beni comemorou um ano, desejamos de todo coração que Deus abençoasse ainda mais nossa família, que acabávamos de descobrir estar aumentando. Também marcaram nosso ano as músicas Budapest e Rather Be, quando ouvíamos e ficávamos dançando com o Beni.
Quando voltamos a Atibaia, fomos abençoados com um lar que atendesse a absolutamente todas as nossas necessidades; isso não pode ser apenas chamado de sorte. E eu também agradeço todo equilíbrio emocional que eu e o Lu temos exercitado, dia após dia, juntos e amorosamente. E, ainda, pela gravidez de Miguel estar sendo tranquila. Tudo tem passado realmente rápido!
Agradeço ter tido a chance de praticar a política da troca; a terapia tem me ajudado a realmente internalizar coisas que têm feito absolutamente toda a diferença! Aliás, o curso de Letras não deu certo mas graças a Mari, conheci a Terapia Corporal que me trouxe tardes de estudo e fizeram/fazem muito bem!
Meu pequeno Pixoxó entrou na escola, e foi carinhosamente recebido, fez amigos, se desenvolvendo a cada dia. E cada resfriado ou doença que ele adquiria, eu me lembrava de pedir e agradecer pelos outros tantos em que o via cheio de energia e saúde – mesmo que isso significasse o meu esgotamento físico (rs).
Com algumas horas de folga, voltei a olhar pra mim mesma e este tempo tem me feito ganhar fôlego para daqui dois meses recomeçar este transbordamento afetivo que sentimos pelos nossos filhos, esta coisa deliciosa que é ficar agarrada com eles sentindo a respiração e sabendo que eles estão bem, protegidos, seguros, felizes e em paz.
Deus foi tão bom que me permitiu realizar um dos grandes desejos, que era levar Miguel pra conhecer o mar ainda na barriga, para toda família mergulhar e sentir aquela energia única que só a praia consegue trazer. Fomos abençoados com dias incríveis, realmente inesquecíveis.
Aconteceram desavenças familiares, outras tantas reconciliações, aconteceram afastamentos irreparáveis de alguns amigos, decepções, mas também houve reflexão, amor, carinho, fotografias felizes, encontros inesperados, despedidas precoces, desejos de boa sorte aos que foram para longe buscar novos rumos e muita resiliência. Houve aprendizado. Equilíbrio. Choro. Abraço apertado. Obrigada, Senhor, por ter existido SENTIMENTO em 2015, acima de tudo. E por eu continuar aqui com o coração pulsante, sangue correndo nas veias, alguns impulsos infantis e outras atitudes maduras: sinais de que avancei mais algumas peças neste jogo chamado VIDA.
Se me fosse concedido o direito de pedir alguma coisa, eu pediria apenas SAÚDE. Saúde sob todos os aspectos a mim, a minha família e aos meus amigos amados. Saúde física, mental e emocional. E um início de novo ciclo familiar rodeado de muito amor, sonhos frustrados e outros realizados e a continuidade de um caminho recheado de SENTIR.
E que eu consiga novamente colocar em prática o que já me fez tão bem, aquele diário da gratidão onde sempre precisamos encontrar o que realmente de bom tivemos no dia.
Que possamos mudar nosso olhar e enxergar beleza em meio ao caos. Sempre, sempre, sempre há motivos para sermos gratos.
Obrigada por tudo ano velho.
Que venham 366 novas páginas para completarmos o livro da vida.
Meu beijo,
L.