Quero sentir a sensação de estar escrevendo, mas assim como às vezes faço manualmente, só queria a simples sensação de sentir o dedilhar dos dedos.
Inventei pra mim mesma que hoje poderia assumir papel de digitadora, e escolhi este livro que pra mim é um dos mais lindos e potentes para o meu momento atual – já falei sobre ele aqui algumas vezes. O nome é Presente do Mar, de Anne Morrow Lindbergh.
Então, para me imaginar digitadora, digito aqui sem pensar trechos que me marcaram profundamente, e quero reler sempre que se fizer necessário.
Não importa em que página se abra “Presente do Mar”, as palavras da autora oferecem uma oportunidade de respirar, de viver com mais calma. O livro torna possível desacelerar e descansar no presente, sejam quais forem as circunstâncias. Lê-lo – um trecho ou todo o livro – é existir por um momento num tempo diferente e mais sereno.
Tenho certeza absoluta que muito em breve, farei um produto especial inspirado nele.
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- (…) movimentos suaves, inevitáves do mar.
- (…) sentir como algo que pertence à maré – apenas mais um pedaço dos destroços de um naufrágio, flutuando nos maravilhosos ritmos oceânicos do Universo. Isso, em si, é profundamente reconfortante.
- (…) vaivém ondulante apaziguador de uma vida tranquila e de palavras suaves. Nas entrelinhas de tudo isso há uma força imensa de sustentação.
- Refiro-me à liberdade que advém da escolha de permanecer aberto, tal como fez minha mãe, para a vida em si, não importando o que ela traga: alegrias, tristezas, triunfos, fracassos, sofrimento, aconchego e, certamente – sempre – mudanças.
- (…) tentando manter a calma interior e, ao mesmo tempo, reagindo ativamente – como todos nós devemos fazer – ao “aqui e agora”.
Comecei a escrever estas páginas para mim mesma. Queria elaborar meu próprio modo de viver, meu equilíbrio pessoal na vida, no trabalho e meus relacionamentos. Como penso melhor com um lápis na mão, passei a escrever naturalmente.
Em alguns aspectos, sentia-me muito mais livre do que a maioria das pessoas; em outros, muito menos.
Até mesmo aqueles cujas vidas pareciam transcorrer imperturbáveis, sob rostos sorridentes, estavam também tentando, como eu, adotar um novo ritmo de vida – um ritmo entremeado de momentos mais criativos, mais ajustado às necessidades individuais, com relacionamentos novos e mais intensos com eles mesmos e com os outros.
E assim, pouco a pouco, estes capítulos tornaram-se muito mais que minha história pessoal, inspirados que foram em diálogos, discussões e revelações de homens e mulheres de vários grupos. Decidi então devolvê-los às pessoas que compartilharam muitos destes pensamentos comigo. E aqui, com sentimentos de gratidão e companheirismo por aqueles que trabalharam na mesma direção, devolvo meu presente do mar.
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A PRAIA
Muito quente, muito úmida, muito amena para qualquer disciplina intelectual.
O corpo cansado toma conta por completo. Caímos numa apatia profunda. Rebelamo-nos contra nossa própria mente, contra todas as decisões inadiáveis, voltando aos ritmos primitivos.
Tudo isso abafa o ritmo frenético da cidade, com seus compromissos de hora marcada e suas obrigações. Ficamos como que enfeitiçados pelas ondas, pelo vento, pelas garças. Soltamos o corpo, nos espreguiçamos na areia. É como se nos tornássemos a própria areia, amortecidos pelo mar. Expostos, abertos, vazios como a praia, deixamos que as marés apaguem nossas marcas passadas.
De repente, numa manhã qualquer da segunda semana, a mente desperta, renasce para a vida outra vez. Ela começa então a flutuar, a se mexer, a fazer movimentos suaves e negligentes como as ondas preguiçosas que se quebram na praia.
O mar não recompensa os que são por demais ansiosos, ávidos ou impacientes. Escavar tesouros mostra não só a impaciência e avidez, mas também falta de fé. Paciência, paciência e paciência é o que nos ensina o mar. Paciência e fé. Precisamos nos deixar vazios, abertos e sem exigências – como a praia – esperando por um presente do mar.
NOTA PESSOAL: dar tempo à desintoxicação, para então chegar a outra vibração.

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