são paulo, 02 de novembro de 2010. feriado na terra da garoa, e no país todo. pra variar, o marido teve que trabalhar… tem dias que é um pouco mais difícil lidar com essa ausência do lu; fico mais sensível quando olho pela janela e vejo em todos os prédios em volta as pessoas na sacada aproveitando o dia com as pessoas que amam, e eu não ter essa sorte. mas já sabia que seria assim… há pouco mais de 3 anos essa tem sido a nossa rotina… saber é uma coisa, se acostumar com ela é outra…
deixando as lamúrias de lado, ontem consegui finalmente fazer uma bela arrumação na bagunça que estava a estante da casinha. achei alguns de meus livros favoritos, e folheando-os, reli algumas de minhas passagens favoritas em cada um deles. pensei que poderia dar um belo texto…
então, escrevo para ficar eternizado, e dividir com vocês:
“Carta a D. – História de um amor” – de André Gorz
“Se você se une a alguém para a vida inteira, os dois estão pondo em comum sua vida e deixarão de fazer o que divide ou contraria a união. A construção do casal é um projeto comum aos dois, se vocês nunca terminarão de confirmá-lo, se adaptá-lo e de reorientá-lo em função das situações que forem mudando. Nós seremos o que fizermos juntos”.
“O amor é o fascínio recíproco de duas pessoas por aquilo que elas têm de menos dizível, de menos socializável”.
“Nós podíamos pôr quase tudo em comum exatamente porque a princípio não tínhamos quase nada. Bastava que eu consentisse em viver o que eu estava vivendo, em amar mais do tudo o seu olhar, a sua voz, o seu cheiro, seus dedos afilados, o seu jeito de habitar o seu corpo, para que todo o futuro se abrisse para nós”.
“Brida” – Paulo Coelho
“Cada pessoa pode ter duas atitudes: Construir ou Plantar. Os construtores podem demorar anos em suas tarefas, mas um dia terminam aquilo que estavam fazendo. Então param, e ficam limitados por suas próprias paredes. A vida perde o sentido quando a construção acaba. Mas existem os que plantam. Estes às vezes sofrem com tempestades, as estações, e raramente descansam. Mas, ao contrário de um edifício, o jardim jamais pára de crescer. E, ao mesmo tempo que exige atenção do jardineiro, também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura”.
“É preciso ter confiança na capacidade que cada pessoa tem de ensinar a si mesma. Quando alguém encontrar seu caminho, não pode ter medo. Precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada”.
“Assim como nos dividimos, também nos reencontramos. E este reencontro chama-se Amor. Porque quando uma alma se divide, ela sempre se divide numa parte masculina e numa parte feminina. – E como posso saber que é a minha Outra Parte? – Era possível conhecer a Outra Parte pelo brilho dos olhos”.
“A palavra é o pensamento transformado em vibração”.
“Não existe nada de completamente errado no mundo. Mesmo um relógio parado consegue estar certo duas vezes por dia”.
“Só consigo entender as coisas simples depois que me envolvo com as complicadas”.
“Não importa a imagem que tenhamos de nós mesmos. Não importam os disfarces, as respostas prontas, as saídas honrosas. No sexo, fica difícil enganar o outro – porque ali cada um se mostra como realmente é”.
“O primeiro caminho direto até Deus é a oração. O segundo caminho direto é a alegria”.
“O Pequeno Principe – Antoine de Saint-Exupéry”
“Agora vou contar-te um segredo: Nós só podemos ver perfeitamente com o coração; o que é essencial é invisível aos olhos. Os homens têm esquecido esta verdade. Mas tu não deve esquecê-la. Tu tornas-te eternamente responsável por tudo aquilo que cativas.”
Poesia “O teu riso – Pablo Neruda”
Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
“Amar se aprende amando – Drummond”
O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.
“Amor” – eu disse – e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim.
“O primo Basilio – Eça de Queiroz”
“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente. Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo conduzia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações”.
ô mais que delícia que é ler…
curtam o feriado!
beijos,
lilica.