Atibaia, 30 de novembro de 2016.
Ouvindo Tiago Iorc – Dia Especial
Ontem meu segundo pequeno grande homem iniciou seu primeiro voo longe de mim.
Estava precisando de tempo para me dedicar aos meus estudos e a este futuro próximo e promissor pelo qual eu e o Lu temos batalhado tanto. Percebia que o Mimi já estava precisando de contato externo. Ele e o Beni vieram como o Lu, adoram gente, adoram a rua, adoram movimento. Eu – nem preciso dizer – sou o oposto dos três. O silêncio me encanta, a contemplação me encanta, a solidão me faz bem. Sempre foi assim.
Apesar de saber que eles estavam bem lá na escolinha, se divertindo, eu senti um misto de emoções muito grande; talvez porque a TPM segue bastante acentuada, ou porque agora terei tempo suficiente para me redescobrir mulher pós maternidade, depois de quase três anos intensos de vivência materna ativa (bota ativa nisso!) ou por causa do acidente com todo time do Chapecoense, e também alguns jornalistas amigos do Lu, onde Deus nos mostra o quanto a vida é rara, o quanto perdemos tempo com coisas tão pequenas. Na cobertura do Jornal Nacional, assisti a homenagem bonita que fizeram aos jogadores e colegas de profissão quase sem ar de tanto chorar. Quantas famílias despedaçadas, quanta crianças que perderam seus pais. Não tem como não imaginar como seria se fosse com a gente; impossível não ser empático num momento como esse.
No fim da noite abracei meus filhos como se não houvesse amanhã. Dormi agarrada no Beni e acho que de tanto sentirem o clima meio down, acordaram um monte a noite.
Tem dias que tenho vontade de colocar minha família num potinho e deixar todo mundo ali, protegido; depois lembro que isso nos impediria de viver e sorver todo bom e mal que há, todas as grandes experiências que podemos ter e tantos aprendizados meio às frustrações.
Fiz uma oração com fervor maior que os nossos Anjos estejam sempre presentes e alertas, nos transmitindo sinais que nos auxiliem os próximos passos.
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No meu dia, apesar de estranho, resolvi muitas coisas. Lembrei do prazer de tomar um banho com calma. De tomar um chá olhando a fumacinha e sentindo o cheiro enquanto olho o ‘nada’ pela janela. Conversei tranquilamente com os amigos. Esta troca é muito importante; a gente percebe o quanto cada um segue com sua luta, com seus desafios e assim, temos nova força para enxergar que nossos problemas são nada perto de tanto que acontece por aí.
Deus usa os amigos para nos mostrar o quanto precisamos ser gratos.
Apesar de ter sido um dia estranho, senti uma gratidão imensa pela oportunidade de estar presente na evolução das minhas crianças; pela oportunidade de iniciar o reencontro comigo mesma; pela oportunidade de me reequilibrar.
Que meus Passarinhos sigam firmes em seus propósitos, saudáveis, nutridos de amor e que eu possa continuar sendo seu porto seguro em cada voo de volta para o aconchego de nosso lar.
Meu beijo,
L.