Atibaia, 2 de abril de 2016.
Faz 43 dias que meu segundo filho nasceu. O primogênito tem apenas 1 ano e 8 meses. Ter dois bebês em casa tem sido um dos maiores desafios de minha vida; em alguns momentos, faço uma brincadeira mental imaginando que estou numa prova de resistência ou em algum experimento científico para aguentar o tranco.
Eu e meu marido sempre esperávamos pelo fim de semana para conseguir ter nossos momentos juntos, fosse para assistir um programa de conchinha, brindar com uma cerveja para relaxar e rir da vida e de seus desafios, enfim, sempre tentávamos equilibrar o lado sendo pais com o lado marido e mulher. Nossa rotina não é fácil, mas não reclamo: cada um sabe de suas dores e delícias. De todo modo, sempre pensamos em possibilidades para um dia alcançar o equilíbrio que tanto sonhamos: termos tempo para os nossos filhos, para nós dois, para nós mesmos e nosso lazer individual. Apesar de parecer utópico, temos esperanças.
Depois que Miguel nasceu, tem sido muito difícil conciliarmos nossos momentos juntos. Agora, impreterivelmente quando estou com um pequeno, ele está com outro. A demanda não termina e ao mesmo tempo que temos plena consciência que tudo passa – e passa rápido -, a impressão é que não acabará jamais.
Chegamos a uma conclusão de que o esgotamento é duplo: com Miguel, o cansaço físico é o evidente; com Benício, a luta é psicológica. A fase das birras e de tentar conseguir tudo pelo grito chegou. Tem dias que penso que vou enlouquecer! E eu sinto saudades de ser um pouco irresponsável e me lembro de quando tinha liberdade de tomar uma dose de álcool a mais para relaxar e ter apenas a ressaca do dia seguinte, que passaria depois que eu ficasse o dia todo morgando, depois de tomar remédios para dor de cabeça e enjoos.
Agora, o buraco é mais embaixo.
Eu me sinto esgotada e sem energia. O Lu se sente igual. E temos dois bebês que exigem de nós o que às vezes nos falta: paciência. Com eles, não dá pra escolher fazer “daqui a pouco, depois de mais 5 minutinhos de sono”. É agora, ou agora.
A gente se olha e tem dias que quase choramos. Em outros, rimos. Fazer o quê?
O desejo de às vezes ter o tal controle remoto da vida do filme “Click” é imenso. Só que, assim como no filme, a fase chata ficaria pra trás mas toda parte boa também não seria vivida. Então, qual a vantagem?
Só pedimos por paciência e sanidade física e mental.
Quanto ao casamento: novo filho, nova fase. A readaptação é sempre, sempre necessária enquanto continuarmos nos escolhendo diariamente. E as pequenas demonstrações de afeto, amor e carinho nunca fizeram tanta diferença como agora. ♥
Apesar de tudo, já diria Djavan “(…) mas se quer saber se eu quero outra vida? Não, não… (…)”
Que estejamos sempre unidos, protegidos, pacientes e especialmente criativos para lidar com toda e qualquer adversidade.

Vivendo com dois mantras: “um dia de cada vez, um dia de cada vez” e “cheira florzinha, assopra velinha” pra lembrar de REEEES-PIIII-RAAAAR!
Vida que segue!
Meu beijo esgotada,
L.