Quem é você?

Atibaia, 29 de janeiro de 2018.

Ouvindo “Quando fui chuva” – Maria Gadu (propício para o momento ♥)

Hoje vi em algum lugar uma postagem bem grande com os seguintes dizeres: “Quem é você?” Não me lembro onde foi, mas me lembro bem que o foco era nos concentrarmos no exercício de nos descrever.

Fiquei pensando a respeito. Lembrei de uma frase que diz “definir-se é limitar-se”, normalmente atribuída a Oscar Wilde.

Concordo plenamente.

Sou tantas! Sou a caçula – terceira filha de três irmãos.
Sou a menina que adorava a primeira professora Cristiane e as amiguinhas Nádia e Mariana no pré.
Sou a menina que adorava ir a casa da vó Dedé brincar de ser “professora” com os rascunhos de papel passado no mimeógrafo que meu tio Jorge usava.
Sou a menina que amava brincar de queimada ou pique bandeira com primos aos domingos assistindo ao TV Animal.
Sou a criança que aprendeu a ler e a escrever com a tia Lourdes e que se apaixonou pelo estojo de lápis 36 cores da amiga Mariana.
Sou a menina que descobriu o amor pela leitura e pela escrita por causa da professora Ana Maria.
Sou quem carrega uma cicatriz no braço esquerdo – fruto de uma queda de bicicleta.
E também a que carregou algumas cicatrizes no coração por conta de amores infantis platônicos.
Sou quem passava a tarde na casa das amigas comendo Bono com Leite ou Wafer e dormindo até a hora de Malhação começar.
Sou quem aos 10 anos descobriu que seria tia e que viu a mãe ficar um pouco perdida com a notícia de que seria avó – e isso representou um grande peso pra mim, porque depois de ver o susto dos meus pais jurei que não faria eles se decepcionarem comigo.
Sou a menina que aos 13 anos cabulou aula pelo simples fato de experimentar coisas novas e que foi descoberta pelos pais – e que ouviu da mãe “eu não posso errar de novo” (comprovando o peso que eu carregava nas costas).
Sou quem amava ficar em cima da árvore observando as pessoas e meu irmão jogando taco com os amigos.
Sou quem sabia que os meninos ou as meninas se aproximavam de mim só porque achavam meus irmãos lindos e tentavam desta forma ter uma chance com eles.
Sou quem sempre fui romântica mas muito pé no chão.
Sou a menina que começou a sair cedo e que o corpo não condizia à idade.
Sou a mesma menina que empurrava os meninos que queriam me beijar nas baladas.
Sou a menina que amava dançar forró e que curtiu muito Azes, Morango com Jirimum, Atlanta, Hexágono e The Zoo.
Sou quem precisava de autorização de maiores para curtir o carnaval do São João.
Sou quem – quando criança – esperava o pai chegar do banco para entrar na piscina com ele.
Sou quem – aos 4 anos – viu o vô preferido cair no chão e achar que ele tinha morrido.
Sou quem teve medo das crises de epilepsia do tio.
Sou a adolescente que comprava alianças até a hora de usar uma.
Sou quem comprava cadernos pela capa mesmo que não usasse.
Sou a menina que amava as aulas de Redação.
Sou quem começou a namorar muito cedo.
Sou uma escoteira (uma vez escoteira, sempre escoteira) que desenvolveu amizades para a vida!
Sou quem sempre andou em trio. (Alguém explica o significado da tríade?)
Sou quem começou a fazer terapia para trabalhar meu amor próprio.
Sou quem teve dores físicas de amor.
Sou quem se formou em Hotelaria, que amou a faculdade mas que não seguiu carreira.
Sou quem se apaixonou pela área da educação.
Sou alguém que descobriu que o amor livre é o que mais dá certo.
Que sabe que só com diálogo e respeito conseguimos algo na vida.
Sou alguém que coloca amor em cada átomo do que faço.
Sou uma menina-mulher adulta que se casou aos 23 e de novo aos 27 com o mesmo marido.
Que teve o primeiro filho aos 27 e o segundo aos 30.
Sou a mulher que em 2007 começou a escrever como um desabafo da alma e que segue com este projeto como uma forma de cura.
Sou alguém que teve que trabalhar muito a autoconfiança.
Sou quem retornou ao trabalho. Quem tenta encontrar o equilíbrio e beleza nas coisas.
Sou quem ama céus e a natureza. Sou quem já se mudou de casa e de vida 6 vezes e que, como diz meu marido, “não tem preguiça de ser feliz”.
Sou quem vai na contramão do esperado e tento dar aos meus filhos uma educação mais autônoma e livre.
Sou quem tem as melhores amigas morando longe.
Sou quem não consegue encontrar as amigas que moram perto.
Sou quem ama curtir a solidão.
Sou quem registra os momentos da vida pelo celular.
Sou a adulta que ainda compra cadernos pela capa.
Sou quem sonha em aprender a plantar bananeira para ensinar aos filhos.
Sou quem leva o verbo “sentir” a sério.
Sou tantas numa só…

Somos mesmo a soma das nossas decisões.

Termino citando Osho, no primeiro texto dele que li e que levo para minha vida com muito carinho desde então.

“Sempre que houver alternativas, tenha cuidado.
Não opte pelo conveniente, pelo confortável, pelo respeitável,
pelo socialmente aceitável, pelo honroso.
Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar.
Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências.”

Que nosso coração vibre, pulse para que jamais sintamos que estamos vivendo em vão.
Este é meu desejo.

Quando já não tinha espaço, pequena fui
Onde a vida me cabia apertada
Em um canto qualquer acomodei
Minha dança, os meu traços de chuva
E o que é estar em paz
Pra ser minha e assim ser sua
Quando já não procurava mais
Pude enfim nos olhos teus, vestidos d’água,
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos e as calçadas

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Meu beijo,
L.

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