Atibaia, 15 de maio de 2018.
Ouvindo “Não custa nada” – Música em Família
Eu não imaginava o tamanho da complexidade que viria pela frente quando soube que nós dois seríamos três – e depois quatro.
Quando Beni nasceu, eu me lembro de ter que aprender a lidar com o meu perfil controlador: se ele chorava à noite, por exemplo, eu ia em primeiro lugar acudi-lo mesmo que eu estivesse com vontade de fazer xixi.
O Lu não. Ia primeiro ao banheiro antes de acudi-lo.
Entendi com este simples exemplo que teríamos que aprender a lidar com nossas diferenças e que o respeito com o jeito de cada um deveria prevalecer: eu precisava do apoio dele, então precisei trabalhar este lado controlador em mim. Este é um dos exemplos mais banais que eu me recordo, pra mostrar que quando nos tornamos pais, a parceria é mais que fundamental – assim como o respeito.
Já ouvi muitas mães reclamarem que seus maridos não foram presentes mas sempre que eles tentavam se tornar protagonistas na paternidade, eram criticados por elas.
Entendendo isso e ouvindo muitos relatos, por mais que às vezes fosse difícil, decidi respirar fundo e entregar!
Na maternidade, muitos são os questionamentos e eles acontecem o tempo todo: Como estabelecer limites? Que escola optar? Aula de música ou de futebol? Deixa ir sem blusa hoje? Pode jogar boa dentro de casa? E pular na cama e no sofá? Pulamos a inalação hoje? Como educar: conversando ou gritando? Impor ou dialogar? Respirar ou chorar? Sigo a minha ou a sua educação? O que eles vão ser quando crescerem? Precisa mesmo focar no vestibular? Comer na cozinha ou na sala? Brincar lá fora ou evitar o sereno? Tirar a chupeta agora ou mais tarde? Quando ouvir os outros? Quando ouvir nossa intuição?
Por conta do nascimento dos meninos, o diálogo se tornou uma premissa dentro de casa: já não conversamos para nos convencer que eu ou o Lu estamos certos, mas para chegar a um denominador comum para nossos filhos.
É um longo caminho, muitas vezes denso.
Nossas maiores fragilidades são expostas a cada instante que perdemos a paciência com eles, quando somos severos demais ou até quando somos pouco severos.
Sempre digo que, pra mim, a maneira como trato meus filhos reflete diretamente o estado em que se encontra minha mente, minha consciência. Por isso, eles são minha própria meditação guiada. A oportunidade de exercitar a presença, a calma diante das dificuldades, do choro incessante, das discussões por ciúmes. Em minutos consigo ser mãe, conciliadora, negociadora, aprendiz, professora. Tudo muito intenso. Singular.
No dia da Família, só posso agradecer pela oportunidade de crescer tão profundamente como ser humano, com a possibilidade de amar, acolher, aprender diariamente com esta dádiva que é formar uma família que nos propõe tantos desafios e que, ainda assim, nos faz continuar nos escolhendo diariamente.
“Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça
Não custam nada…”
Meu beijo,
L.