Atibaia, 7 de outubro de 2018
Ouvindo “Oito Anos” – versão Adriana Calcanhoto
Hoje amanheceu um dia muito significativo para o Brasil. A dualidade que se observava acerca do futuro de nosso país foi algo que me assustou muito. A propagação de ódio estava difícil demais de engolir e eu sentia uma energia densa pairando no ar.
Pedi que o Lu não fomentasse o assunto, mas ele não se conteve. Acredito que cada um tenha suas ideologias e crenças, e o que menos fizemos nessas eleições foi respeitar a opinião alheia.
Apesar de ter ido votar com certa apreensão sobre o que está por vir, não havia nada mais que podíamos fazer além de orar e vibrar paz e amor para nosso país.
Depois de cumprir meu ato cívico, fomos para casa para almoçar. Léo estava conosco. Preparei strogonoff, comemos todos e as crianças brincavam com os homens adultos da casa. Decidi aproveitar aquele momento de tranquilidade para tomar banho.
Me dei ao luxo de levar uma vela perfumada, coloquei a playlist “Poesia aos Ouvidos” do meu Spotify e tentei entrar em um processo de limpeza e meditativo, enquanto a água caía.
Quando estava terminando de enxaguar a cabeça de shampoo, feliz por ter conseguido esta paz, ouvi choros e gritos vindo lá de fora. De repente, ouço bater na porta do banheiro meu marido, querendo saber onde estavam os documentos do Beni porque ele tinha caído e precisava ir para o hospital. Minha perna gelou.
Saí do banho de qualquer jeito, coloquei qualquer roupa e fui correndo ver como estava meu menino. – Eu não sei o que acontece comigo – acho que é proteção do Universo – mas em todas as vezes em que precisei passar por situações mais difíceis assim com os meninos, de susto, sempre consegui manter a calma. Eu me lembro de pensar que eu jamais aguentaria esse tipo de coisa quando ainda não era mãe. – Realmente, Beni estava com um corte um pouco mais profundo no supercílio e não tinha jeito, desta vez, teríamos que ir para o hospital.
Arrumei rapidinho uma mochila para o Mimi e outra para o Beni – já prevendo que teríamos que ficar mais tempo no hospital. Liguei pra minha mãe, contei o que tinha acontecido e pedi ajuda pra ela ficar com o caçula enquanto levava o primogênito.
Chegando ao hospital, o atendimento foi rápido e certeiro. “Sim, precisará de sutura”.
Foi a primeira vez que passamos por isso. Enrolaram Beni em um lençol para que ele não conseguisse se mexer. O médico, então, chegou para dar o anestésico – uma seringa que foi direto no corte. Nunca ouvi aquele grito de dor do meu filho. É surreal a força que uma mãe tem que ter nessa hora – e em tantas outras. Mas eu me sentia conectada e calma, só conseguia massagear a perninha dele pra ele sentir minha presença.
A sutura foi rápida. Dois pontinhos e certamente uma cicatriz linda na sobrancelha que o deixará muito charmoso (♥). Depois de tanto choro, finalmente acalmou.
Seguimos para o Raio-X para saber se a queda não tinha provocado nenhuma fratura na cabeça. Graças à Deus, estava tudo bem.
De todo modo, fomos orientados a ficar algumas horas no hospital em observação para ver se o quadro não iria evoluir – algo muito comum de acontecer quando se tem um galo na cabeça.
Enquanto estávamos na enfermaria, ouvimos uma criança especial chegar convulsionando. Naquele momento, pensei no quanto meu problema era pequeno perto do que aquela mãe estava passando, e agradeci pela saúde e perfeição de meus filhos. Não faço a menor ideia do quanto deve ser difícil ter uma criança com demandas especiais.
O olhar tranquilo daquela mãe tocou profundamente meu coração.
Enquanto estávamos no hospital, recebemos ligações carinhosas, recebemos a visita da tia Cris e depois o Lu nos buscou.
O reencontro do Mimi com Beni foi lindo – minha mãe disse que o Pequeno estava numa agonia só, querendo falar com o irmão, saber como ele estava. A ligação deles é linda! Essa proteção, cuidado, afeto, carinho me deixaram ainda mais emocionada.
Mais uma vez, agradeci à Deus por estarmos cercados nesta energia de amor, empatia e então pude me sentir completamente feliz por tudo ter terminado bem.
Saúde na vida, Filho Amado!
Eu amo você. Do umbigo.
Mamãe. 🙂