Dia desses, passeando pelo feed no Facebook, me deparei com este texto incrível e tão sensível. Tão respeitoso. Tão real. Para não perder nas tantas postagens diárias, deixo ele aqui guardadinho neste meu espaço precioso e que tanto honro, para ler e reler quantas vezes eu quiser – e precisar. 🙂
🖤
Tenha filhos, se você quiser
Ninguém disse que seria fácil.
Não é fácil.
Precisa rede de apoio.
É difícil, é quase impossível.
Mas, também é bom.
É maravilhosamente bom pra alguns.
Pra outros, um peso.
Não é culpa de ninguém.
Somos humanos e isto aqui não é corrida para os 100 metros rasos da parentalidade.
Todos os seres vivos deste planetinha azul perdido no universo procriam. Ter filhos é natural, então ok se você decidir ser pai ou mãe. Não ter filhos é natural também, já que a superpopulação bate à nossa porta. Ninguém precisa de curso pra ser pai nem mãe, porque a humanidade chegou até aqui sem certificado de conclusão expedido em duas vias. Fomos mães e pais errando e acertando desde o primeiro dia.
Mas, daí vem esses novos tempos em que tudo nos é vendido embalado em um embrulho de praticidade de modo a criar uma necessidade irreal. Precisamos trabalhar mais que os pais de 100 anos atrás para garantir as necessidades dos nossos filhos. Não só porque elas custam mais. As necessidades também se multiplicaram e, vamos combinar, já nascemos dentro do olho deste furacão do consumo. A maioria de nós já foi criada por pais que trabalhavam demais. Temos sim contas a pagar, temos sim necessidades criadas pelos desejos de consumo e é difícil lutar. Nem por isso eu desisto.
Então se você se vê agora num barquinho à deriva, no meio do oceano, tempestade comendo… é o seguinte: aí ao lado estão vários outros barquinhos. Tá todo mundo à deriva. Quem tem tempo pra ficar lambendo a cria, quem não tem tempo, tá todo mundo assustado, cada um no seu barquinho. Claro que se for olhar de perto alguns barcos estão melhor preparados e isso é só contingência da vida. Por algum motivo, que não cabe neste abraço articular, não ganhamos os mesmos instrumentos de navegação e isto, não significa que você não será bom pai, nem boa mãe.
Se tem uma coisa que precisa ficar claro neste abraço é que, com culpa nada vai pra frente. Então esqueça a culpa – se não dá pra esquecer, faça de conta um pouquinho – e jogue fora também o julgamento, de si, dos outros, de textos que já tenha lido sobre isso – porque cada um escreve do seu ponto de vista e é só – este texto também é só o meu pontinho de vista, não julgue. Só abrace. Abrace a si mesma. Abrace seus filhos. Tá tudo bem. Ter filhos é a maior empreitada do mundo, não tem fórmula, não tem “você não pode”. Tem amor. Tem desespero. Tem a porcaria da culpa. Tem riso e tem choro, é vida, não é manual de avaliação de gestão empresarial.
Recebam todos nossos abraços aqui do Milc.
Vanessa Anacleto
cofundadora do Milc – Movimento Infância Livre de Consumismo