Nova carta de amor à mim mesma.

Ouvindo “Esotérico”, de Gil

Oi Lillian,

já faz tanto tempo desde a última carta. Mais de 5 anos, eu diria. Como você tem andado?
Miguel ainda não tinha nascido. Você ainda estava se entendendo enquanto mãe, em sua nova configuração de rotina, entendendo seus papeis enquanto mulher, esposa, filha.

Lembra quando descobriu sua nova gestação? O medo tomou conta do seu corpo e você só não paralisou porque tinha Benicio. Depois, tudo foi fluindo… porque filhos são pra sempre, e você não tinha outra solução a não ser aceitar a situação. Assim como é a vida.

Lembra do dia que ele nasceu? Como seu trauma foi todo desfeito e você pôde experienciar um parto do jeitinho que você queria, com muito respeito e amor acima de tudo?

Depois vieram mais tempos desafiadores… Beni sem entender muito o que estava acontecendo, as noites em claro e entrega que um recém nascido exige, a exaustão do Lu em ir e vir para SP. Quantas discussões? Mas também, quanta força e vontade de fazer dar certo! Quanto sentimento dentro daqueles dias e noites construindo uma nova dinâmica familiar.

Como vocês celebraram o primeiro trimestre de ‘nova família’.
Como vocês celebraram cada vez que os meninos dormiram juntos e possibilitaram uma pequena pausa cotidiana que pra vocês valia ouro!
Como foram incríveis as viagens que começaram a fazer, construindo um elo longe da rotina e obrigações do dia a dia.

Você, com seu amor incondicional, conduzindo tudo com muito carinho, respeito, equilíbrio.
Exausta, sim, mas plena e feliz por estar vivenciando a construção de algo tão genuíno, belo.

Tudo isso saía pelos seus poros e então, você voltou a se olhar e decidiu fazer algo por você. O MBA em Gestão Escolar chegou em boa hora… mas você sequer imaginava a surpresa linda que a vida preparava: um convite para trabalhar com o que você mais ama – conteúdo!

2017 foi seu ano de luz. Sua alma brilhava em plenitude e gratidão por estar conseguindo realizar tantos sonhos ao mesmo tempo: seus filhos bem e saudáveis, seu retorno para o mercado de trabalho de uma forma inesperada e linda, trabalhar com seu marido, ter qualidade de vida, saúde, e finalizar o ano com a sensação de dever cumprido – e muito bem cumprido com um 9,75 na sua monografia. Enfim, você havia se pós graduado em Gestão Escolar mas também, seguia a nova graduação de HubSpot e inbound marketing.

Um mundo novo e cheio de possibilidades se abriu. Você se entregou, brilhou, deu conta!

2018 e 2019 foram anos mais desafiadores, pessoalmente e profissionalmente, mas se tem uma coisa da qual você deve se orgulhar – e muito! – foi no quanto você amadureceu como ser humano. Aliás, se reconheceu como ser humano.

Seguiu entendendo seu projeto de família como a coisa mais importante e duradoura da sua vida e se reinventou tantas vezes!

Você descobriu a beleza no caos e passou a fotografar seus #ceusdetododia para lembrar que, impreterivelmente, em 24 horas, temos a chance de recomeçar. E isso te trouxe esperança.

Você vem experienciando na prática que o mantra da maternidade – “um dia de cada vez” -serve para todas as áreas da vida.
Você vem assumindo a responsabilidade pelos seus atos e não aceita vitimismo.
Anos de idas e vindas na terapia te ajudaram a lidar com muitas questões.

Em 2020, você tinha feito muitos planos. E como diz o outro, “a vida não tá nem aí para seu planejamento”. Ninguém previu que uma pandemia estava a caminho e que tudo ia parar, enlouquecer para ressignificar.

Você ainda está no meio do turbilhão, mas quanta coisa passou a fazer por você:

– voltou a escrever manualmente.
– voltou a escrever no seu blog.
– segue estudando continuamente.
– se presenteou com um kindle e passou a ler mais, muito mais.
– aproveitou para não parar de estudar e descobriu que tem um dom lindo chamado ‘ativação reticular’, que nada mais é que sempre olhar o lado bom da vida.
– você se perdoou e descobriu que faz parte de você como ser humano se permitir olhar para suas sombras e ser grata pela sua inteireza de ter a grande maioria de dias bons e plenos em contagem de bênçãos, mas que aqueles onde você quer sumir do mapa também te legitimizam.
– você aprendeu a dizer não.
– você se empoderou sobre sua empresa.
– você passou a argumentar e ser mais direta na comunicação com seu marido, e isso vem representando um ganho ainda maior em sua relação.
– você descobriu quanto sua família é sua maior bênção: seus pais, irmãos e a sua própria configuração familiar.
– você enlouquece diariamente com tantas demandas, mas não trocaria isso por nada.

Siga colocando amor em cada átomo de seus atos. Siga encontrando seu caminho em cada surto e em cada momento que a vida te pedir uma pausa. Siga se interessando genuinamente pelo outro, mesmo que a recíproca não seja verdadeira. Siga se colocando em primeiro lugar, porque quando você está bem, tudo fica bem.

Você é uma mulher adorável, encantadora e que vai reconhecendo sua força a cada passo da caminhada. Agradeça. Sinta a presença do divino no diálogo com seus filhos, no jardim que você tem cuidado com tanto amor, no silêncio da contemplação da natureza ou no caos cotidiano, onde está o seu maior sonho realizado: seu projeto de família.

Você é uma realizadora de sonhos. Nunca se esqueça disso.
Sonhe, sonhe, sonhe!

Sabe a sua jornada de cocriação? Então!
Está tudo ali. Intencionado.
Você já entendeu tudo! Estou muito orgulhosa de você.

“E sempre haverá
Um jeito de curar
As dores que insistam machucar…”

A cura estará sempre dentro de você e do seu coração.
You know… a velha música clichê que você adora:
listen to your heart, when he’s calling for you…”

Seja seu próprio abraço-casa.
Estarei sempre aqui, por você e pra você.
E vê se não demora mais para se lembrar de tudo que vem construindo.

Com amor,
Lillian

Não adianta nem me abandonar
Porque mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas até muito mais vão lhe amar
Até muito mais difíceis que eu pra você
Que eu, que dois, que dez, que dez milhões
Todos iguais
Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível
Meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí
Não adianta nem me abandonar
Nem ficar tão apaixonada
Que nada, que não sabe nada
Que morre afogada por mim

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