Autoamor.

Atibaia, 02 de novembro de 2020.

Ouvindo “Partilhar”.

Já fazia muito tempo que não passava tantas horas sozinha.
Nos últimos dias, venho me sentindo como aquele angry bird que vai ficando grande de raiva e percebi que precisava fazer algo antes que explodisse. Então, hoje, pedi que o Lu fosse pra casa da minha sogrinha com as crianças e que me deixasse só para que eu pudesse voltar ao eixo.

Arrumei a casa pela manhã para me receber. Coloquei água nas flores. Arrumei quartos, bagunças, brinquedos. Lavei a louça. Tratei tudo como se fosse receber alguém, afinal, eu iria. Há quanto tempo não ME recebia. Não ME mimava. Não fazia coisas que eu amo sem interrupções pela “mamãe”.

Me vesti bem bonita. Passei perfume. Coloquei música alegre. Defumei a casa com palo santo e depois, deixei no aromatizador o cheirinho clássico de capim-limão. Fechei os olhos e respirei fundo. De repente começou a tocar “September”, seguido por “Love never felt so good” e “Can’t stop the feeling”. Dancei rindo e de olhos fechados.

Voltei para o computador para terminar minha aula de PNL que ainda não tinha assistido. Lembrei que faltava um drink. Fiz um com gin e gelo de coco delicioso. Fui tomando aos poucos e sentindo o amortecer do corpo.

Terminando a aula deitei no sofá e prestei atenção a sons que normalmente o barulho cotidiano não me permite ouvir: as gargalhadas da família da casa vizinha, a porta batendo por causa do vento, os passarinhos cantando, o tic-tac do relógio, o som da unha da Paçoca tocando o chão enquanto caminhava.

Já sensível por causa da bebida, achei que era hora de terminar o curso da Mimas – fotolegenda – que foi muito delícia de fazer. E assim, consegui fazer os exercícios que estavam faltando do jeito que eu gosto: em presença.

Assisti ao programa da Ana Maria homenageando Tom Veiga e desaguei tudo que precisava desaguar. Ando com dificuldade de chorar ultimamente… acho que é por causa do estado de resiliência e aceitação que precisamos experimentar para não enlouquecer, mas hoje, com as guardas todas baixadas, foi delicioso soluçar de chorar. A sensação que veio depois foi ótima, como quando experimentando longos e longos dias de poeira e de repente a chuva vem e nos devolve de novo a respiração fluida, aliviada, fácil.

Foi exatamente isso que senti.

Preparei um miojo depois porque sim. Relembrar minha criança também faz parte do percurso… eu amava comer macarrão instantâneo com requeijão quando era mais nova.

Olhei para o relógio. Eram 15h. Pensei que maravilha é voltar nem que por um tempo experimentar a vida sem roteiros, relógio cronometrado, café da manhã, hora do lanchinho, almoço, hora do lanchinho, jantar, banho, põe pra dormir, sente a exaustão, dorme e recomeça, num looping infinito de demandas entre uma coisa e outra, brigas e amores e tentativas frustradas de concentração e atenção plena para trabalhar.

Revi meu filme de casamento e apesar deste turbilhão de sentimentos que eu e o Lu estamos experimentando durante esta quarentena, é sempre muito importante me reconectar com quem somos. Curiosamente logo depois de terminar ao filme, começou a tocar na rádio “Drão”, de Gilberto Gil… respirei fundo, prestei atenção na letra:

“Drão
o amor da gente é como um drão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar…”

Pensei em quantas vezes o amor tem fases que parece que está quase morrendo, mas que devolvemos o cuidado e a atenção e de repente, tudo volta a germinar de novo.

Escrevi um texto para o meu amor, inspirada nestes tantos anos de relação:

Reler nossas mensagens do Messenger. Os emails trocados. Rever as fotos do nosso começo. Reviver a saudade. Associo o elemento fogo quando penso na fase da paixão… a melhor sensação do mundo é estar apaixonada! Abraço apertado. Coração com coração o máximo de tempo possível. Dançar como se ninguém estivesse olhando…
Pra onde vamos quando entramos na fluidez do elemento água? Seguimos contornando as pedras do caminho e ganhando força em cada obstáculo. Eu aprendo a me comunicar de forma mais clara, você agradece a forma direta com que a mensagem é dita. Penso no privilégio de termos um ao outro. Penso na saudade que sinto de você mesmo morando sob o mesmo teto. Penso na instituição familiar mas na importância de sermos antes de tudo, indivíduos.
Vou tentando me moldar ao elemento ar para não fincar muito na terra e me permitir abraçar novas possibilidades sempre que elas surgirem. Só peço que a gente sempre tenha tempo para a pausa diária do café, para rir mesmo quando tudo está um caos e para o brinde diário de celebrarmos um ao outro e a vida que escolhemos viver.
{Pra onde você vai quando fecha os olhos?} Eu sempre volto pra você.


Depois de sentir tudo que precisa sentir, de me reconectar, de voltar a me sentir bem dentro da minha própria pele, de me abraçar muito e me mimar, foi hora de voltar para as demandas em atraso da Prosperidade, com muita coisa linda por vir. 🖤

Valeu, feriado.
Celebro a minha existência e honro minha história e de todos os meus ancestrais.
Prometo me amar na alegria e na tristeza, todos os dias de minha vida.


Meu beijo,
L.

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