Encontrei em um caderno antigo este texto que escrevi em julho de 2018.
Escrevo para não esquecer os detalhes que vivo.
Escrevo para ser a guardiã das memórias.
Graças à Deus eu escrevo… assim consigo reviver dias extraordinariamente comuns, onde a nossa rotina de domingo em ir almoçar com a vovó e o vovô fazia nosso coração vibrar!
Vocês estão pra sempre no meu coração, Sogrinhos.
Saudade bateu forte hoje.
Atibaia, 29 de julho de 2018.
Ouvindo o som da TV de domingo.
Nós amamos o final de semana. Aprendemos a valorizar cada momento juntos porque o Lu trabalhava em redação, foram muitos, muitos, muitos fins de semana de saudade.
Sempre fui muito chatinha com programações; quando era folga dele, costumava planejar tudo! Não sei se pela alegria de passear com meu marido ou se era mesmo pelo perfil controlador que eu costumava ter.
O fato é que depois que meus filhos nasceram, tudo isso ficou para trás.
“Nada mais está sob controle” – essa foi uma das grandes lições da maternidade.
Quando chegam sábados e domingos, tudo que buscamos e desejamos é o poder da calma, viver sem pressa, ter o direito de deixar a preguiça tomar conta, esquecer que existe relógio, tentar ao máximo curtir cada segundo e faz parte desse ritual uma premissa: não ter planejamento.
Isso fez parte de um plano pessoal, para que eu aprendesse a ter menos expectativas e assim, evitar frustrações… fez parte da terapia! (♥)
Mas tem um momento do fim de semana que é quase sempre igual: todo domingo de manhã minha sogrinha liga para o Lu e nos chama para almoçar na casa dela.
E todo domingo vamos construindo boas memórias. Hoje mesmo, assim que chegamos, depois do beijo e do abraço dos avôs, a pergunta do Beni não mudou:
– Vó, tem um docinho?
Normalmente já damos o almoço para eles antes de chegar lá, porque o ritual é sempre igual.
Depois de adoçarem a vida, Beni e Mimi pegaram o rastelo e a enxada que ganharam da avó para “arar” a terra, depois subiram para brincar de “fazer um bolo de chocolate”.
Enquanto isso, nos sentamos para almoçar. E hoje, o legítimo almoço de domingo: salada, macarronada, e frango com batatas.
O vô saiu antes da mesa para brincar com os netos; só ouvi os gritos dele quando percebemos que Beni e Mimi tinham feito mais uma molecagem: abriram a torneira e se encharcaram. Miguel, pisciano nato, gargalhava com a brincadeira.
“Vai trocar de roupa, moleque!” – escutamos o vô falar.
Tiramos a roupa molhada e deixamos o figura de fraldinha pra ir tomar sol e vitamina D para curar o resfriado.
De repente, entra Beni pela porta:
– “Mãe, me dá água? Tô brincando de frescobol com o vovô.”
Com a sede cessada, voltou a brincar.
Terminamos de almoçar, comemos mexerica e depois fomos lavar a louça – outro momento clássico de conversa.
Senti o cheiro do bolo de fubá e pedi a receita pra minha Sogrinha.
“Anota aí, Li, é muito fácil” – ela disse:
♥ 1 copo de leite
♥ 1 ovo
♥ 1 copo de farinha de trigo
♥ 1 copo de fubá
♥ 1 copo de açúcar
♥ 1/2 copo de óleo
♥ 1 colher de fermento
♥ 1 punhado de erva-doce
Bate tudo no liquidificador e põe no forno por 30 minutinhos.
Aquele cheiro impregnado, na cozinha, coisas tão simples e tão cheias de significado!
Enquanto todos dormem e descansam, sei o que virá depois: aquele aroma de café, bolinho de fubá e todos reunidos na mesa novamente.
Que Deus nos permita viver muito mais domingos assim, dias perfeitos em sua simplicidade.
Meu beijo,
L.
