Encarando meus medos.

10 de fevereiro de 2017.

Ouvindo ‘Passarinhos’ – Emicida e Vanessa da Mata

 

Não sei onde isso tudo começa. Se na reflexão sobre o nascimento dos meus filhos, se na minha vontade absoluta que eles tenham coragem para enfrentar todos seus medos, se na minha cobrança positiva em vivenciar aquilo que eu prego a eles para que esta transferência emocional seja mesmo real ou se nas minhas tantas leituras de Osho e de tantos outros autores espiritualistas que comprovam por A+B que o medo é uma construção de nossa mente.
Por quê sentimos medo? Do que sentimos medo? Por quê cada um sente um medo diferente?
Medo de ficar sozinho. Medo da morte. Medo da solidão. Medo de avião. Medo de bicho.
Medo. Medo. Medo.
Conforme fui crescendo, meus medos foram se tornando quase aterrorizantes.
Medo de cidade grande. Medo de barata. Medo do mar. Medo de avião. Medo de pegar estrada. Medo de não ter ajuda. Medo de sair da minha zona de conforto. Medo. Medo. Medo. Medo.
No dia 16 de dezembro de 2016 tive uma visão. Foi um dia inteiro sendo divisor de águas na minha existência por inúmeros motivos. Os sinais mostravam por todos os lados que tudo que preciso na vida é aprender a CONFIAR, ENTREGAR. Eu me lembro como se fosse hoje daquele sonho maravilhoso com minha família na Praça do Comércio em Lisboa. No meu sonho, havíamos nos mudado para Portugal e era uma cena linda olhar Benício e Miguel correndo pra lá e pra lá no verão europeu com o sol iluminando o rio Tejo. Há tanto tempo eu não sonhava. Eu senti PAZ. Ouvia vozes o dia todo que me diziam insistentemente: “tudo depende de você, tudo depende de você”. Eu entendi tudo. Entendi o que vozes me mostravam. A noite, disse ao Lu que topava ir embora, topava ir para qualquer lugar que trouxesse equilíbrio, segurança e mais tempo juntos em família. Foi um dia emocionante porque senti um desbloqueio emocional inexplicável. Jamais esquecerei daquela sensação.
Desde este dia, venho tentando não pensar. Racionalizar situações sempre me fizeram enxergar tudo que pudesse dar errado; talvez esta seja uma defesa minha, não sei dizer. O fato é que imaginar qualquer situação que possivelmente me tirasse da minha zona de conforto ativava em meu cérebro apenas dificuldades. Meu padrão vibratório passou a me forçar a ver o contrário: e o que pode dar CERTO? Esta tem sido minha grande transformação pessoal, iniciada a partir daquele 16 de dezembro.
Para conseguir visualizar com maior clareza tudo isso e entender cientificamente tudo que acontece quando sentimentos medo, busquei ajuda em um livro que tem me feito muito bem a leitura. O nome é ATREVA-SE A VIVER, de Miriam Subirana. Quanto terminá-lo, certamente deixarei aqui no blog os melhores trechos, os que me tocaram, porque realmente este tem sido um livro essencial nesta minha busca pela transformação e desbloqueio emocional.
Desde então, listo mentalmente coisas bobas e até as mais grandiosas para mim.
– Puxar assunto com estranhos.
– Experimentar coisas novas.
– Fazer coisas não planejadas.
– Fazer coisas sozinha.
– Dirigir em estrada.
– Sentar sozinha em um voo.
E por aí vai.
Tudo isso deixo de fazer por este bloqueio mental do medo e venho, uma a uma, tentando eliminar definitivamente tudo isso da minha vida. Abrir novos caminhos. Fluir para novas possibilidades. Ser mais espontânea. Aceitar tudo que vier. Não pensar, não racionalizar.
Não é fácil. É preciso sentir tudo que o medo traz para, então, perceber que tudo realmente se trata apenas de controlar a mente e os pensamentos.
Dia desses fomos a um restaurante e pedi algo que nunca havia experimentado. É uma idiotice tamanha mas eu sempre pensava que pedir o trivial jamais me deixaria com fome. Entende a extensão da pequeneza mental ao qual estava acostumada? Algo tão pequeno para qualquer pessoa. Algo tão significativo pra mim. Adorei a comida. Adorei a experiência. Sensação de ter iniciado os primeiros passos.
Esta semana fui ao hospital pedir ajuda para tratamento da minha sinusite e conjuntivite que havia iniciado. Saindo de lá, olhei a Fernão Dias na minha frente, um dia lindo e ensolarado e pensei: é agora! Da minha lista de medos, esta é realmente uma das mais bloqueadoras pra mim. Pedi ajuda divina, dei seta e entrei. Minha boca secou. Minha perna tremeu. Minha mão quase não segurava o volante de tanto suar. Percebi que o barulho dos carros passando em alta velocidade enquanto estava com os vidros abertos me incomodava. Fechei os vidros. Fiquei em silêncio. Permaneci na direita e acelerei até a velocidade máxima permitida. Nunca tinha dirigido a 110km por hora. Fui apenas dois retornos pra frente. Voltei. Consegui. E me senti a pessoa mais corajosa do mundo inteiro.
Ontem, comprando coisas no mercado para o jantar, parei para puxar conversa com uma moça. Ela foi super receptiva e me abriu um sorrisão que só. Se despediu depressa porque entravria no trabalho às 17h. Ia até 1h da manhã. Desejei força e bom trabalho. Ela me disse: ‘Amém. Deus te abençoe. Obrigada pela sua simpatia.’
Ela não sabia que estava sendo ‘cobaia’ da tentativa de finalizar meus bloqueios emocionais. E eu não esperava tamanha receptividade.
Treino em treino. Dia após dia. Um pouquinho de cada vez. Exercício de fé, de confiança, de meditação, de crença em mim mesma. Depois de um sinal tão significativo e dado de presente com um laço bonito naquele dia 16 de dezembro, eu não poderia ficar inerte. Eu precisava modificar algo em mim.
Sentir medo e encará-lo me fez sentir VIVA.
Os sinais corporais não mentem. Tontura. Taquicardia. Suador.
Aí é que entra o processo mais transformador: SENTIR A RESPIRAÇÃO.
Aprendi na yoga. Ô prática boa!
E assim, vamos nos transformando. E transformando. E transformando.
E sentindo. E vivendo. E dizendo menos ‘nãos’. E falando mais ‘sins’.
Nunca desejei tanto me colocar a prova a partir da nova versão nascendo em mim mesma.
Gratidão, vida. Eu amo viver.
E pra você? Quais são seus medos bobos e duas coragens absurdas?
Meu beijo,
L.

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