12 de abril de 2017.
Ouvindo Enya – Only Time
Uma das coisas que sempre amei fazer: observar meus filhos. O jeitinho como eles vão crescendo, as palavras que começam a usar, as demonstrações de afeto e de carinho, o modo como demonstram desde cedo traços de suas personalidade… observar isso tudo é edificante. Eles estão ali, como grandes objetos de estudo do comportamento humano. E fica ainda mais abrangente quando entra na parada a minha auto-análise: incrível a mudança de quem eu era e quem eu tenho me tornado por conta deles.
Dias atrás, observava Miguel. Era incrível como ele – de maneira perceptível – avançada no quesito “ficar em pé sozinho”.
Esta é uma fase mágica. Conseguir enxergar a vida pelos olhos deles e experienciar esta grande vitória que é o início da descoberta do mundo por outra perpectiva é incrível.
Voltando para o meu caçulinha ficando em pé, Mimi achava o maior barato levantar e cair de bunda, ao som do meu “Tibumbalalelê”. Estávamos lado a lado e, entre uma tentativa e outra, ele gargalhava e encostava todo seu rostinho no meu ombro, como se quisesse me dar um abraço.
Se eu fechar os olhos agora volto para este exato instante: revivo o cheiro de banho tomado no seu cabelo louro, o sorriso faceiro com os dentinhos separados e aquele olhar inocente e vibrante de quem está experimentando algo novo.
Depois de perceber estes primeiros sinais de maturidade postural, comecei a segurar as duas mãozinhas dele para treinar os passinhos em si: “Dan-dá, Dan-dá, Dan-dá” – ele ia repetindo comigo. E assim fomos durante um pequeno período.
Há duas semanas, ele deu os primeiros passos. Acabávamos de voltar do Centro e estávamos na minha mãe. Bastou um pedido meu – filho, vem andar na mamãe – e lá veio ele… risonho que só, me mostrando seus 4 passinhos e toda a emoção do mundo.
Sua maior missão na vida era se especializar nos movimentos. O modo como Miguel é destemido é impressionante. Ele não tem medo de cair. Quando cai, levanta. Tantas vezes quanto necessárias.
Depois que já estava mais habituado com os primeiros passos, sempre pedia a ajuda do Beni para que ele fizesse o papel de segurar as mãozinhas dele. Deu certo! O irmão ficou todo orgulhoso ao ver que estava ajudando Mimi nesta missão. E eu fiquei babando neste momento.
Não é sempre que a relação deles é tão amistosa. Eles brigam bastante, sempre querem o mesmo brinquedo ou sentar no mesmo lugar. Sempre querem o leite na mesma mamadeira.
Mas de repente, tem aqueles instantes mágicos que eternizam: quando o Beni ajuda o Mimi a aprender a andar, quando eles espontaneamente se acarinham, quando Beni diz a ele que o ama e pergunta se o Mimi quer ser seu melhor amigo, ou enquanto brincam de ‘pega pega engatinhando’ no corredor da nossa casa.
Tem dias que tudo é tão cansativo.
Mas tem outros que o clima de harmonia e amor é tanto que chega a marejar meus olhos.
Quanto a observar o Mimi, lembrei da máxima famosa que diz:
“Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” (Aristóteles).
Que seu caminho de descoberta seja lindo, meu filho.
“Who can say where the road goes, where the day flows, only time
And who can say if your love grows as your heart chose, only time”
Estarei sempre aqui, te observando.
Te amo. Do umbigo.
Mamãe.