Atibaia, 10 de agosto de 2016.
Ouvindo Norah Jones.
Já faz um tempo queria ter passado por aqui para deixar registrado como foram os 30 deliciosos dias de férias em que o Lu ficou aqui comigo. Para muitos, pode parecer que nada fizemos de interessante neste período. Para nós, coisas incríveis aconteceram: finalmente tivemos tempo de organizar armários, ajeitar bagunças, tirar a poeira dos livros, remexer esta energia estagnada por um ano. A casa ficou mais leve. Comprei novas almofadas e mantas coloridas. Troquei o cheirinho ambiente. Fiz arte. Montei um painel de fotos e um quadrinho com quatro mini corujas representando nossa família. O Lu levou o Beni para a escola de bicicleta, coisa que ele sonhava fazer. E o buscou na escola podendo ver a alegria dele ao ver o pai. Nos conectamos mais com a espiritualidade. Mandamos o carro para arrumar. Organizamos juntos e com amor a festinha de 2 anos do Pequeno. Estivemos – a família toda – presentes no parabéns da escola e aqui de casa. Marcamos finalmente o batizado do Mimi. Pensamos em diversas possibilidades para o futuro. Sonhamos juntos e cansamos muito olhando as crianças. Decidimos usar melhor o poder da gratidão. O Lu voltou para a terapia, e apesar disso mexer com a gente, tenho consciência absoluta de que alguns nós internos precisam – e devem – ser desatados. Eu me embolei toda com a pós porque não queria perder um segundo de tudo de rotineiro que poderíamos fazer juntos tendo tempo. Ainda conseguimos viajar por uma semana, para cansarmos em outro lugar (rs).
A viagem para São Bento do Sapucaí havia sido um estágio incrível do que nos esperava para nossa semana em Brotas. Aí que me enganei. Em nossa primeira viagem em família, nossas expectativas eram grandes, por isso houve frustração. Apesar de ser EXTREMAMENTE difícil viver uma vida sem expectativas, quando conseguimos somos mais gratos por tudo, porque se não esperamos nada, tudo que chega é bom. Para ter paz de espírito, resolvemos abdicar de refeições juntos (eu e o Lu) e seguimos criteriosamente a mesma rotina que aplicamos em casa com os meninos. Assim tivemos uma semana incrível em família com muito menos perrengues, birras e choradeira.
De novo, se o casal não estiver muito bem estruturado para passar por estes, digamos, “afastamentos”, de modo a encarar como uma fase e enxergando a parceria no criar e cuidar como um afrodisíaco nato, fica muito difícil a coisa não azedar. Para falar o português correto, é FODA! Mas é como encarar a vida como um grande desafio e criar jogos mentais para ir se auto-motivando. Ao mesmo tempo, dentro desta bipolaridade louca entre amar os filhos e a família e querer a liberdade e a ‘antiga’ vida de volta, as pequenas coisas funcionam REALMENTE como combustível. Pra mim, a gargalhada das crianças tira todo meu mau humor. Ou a imagem do Beni fazendo carinho no Mimi. Ou quando só o Beni consegue acalmar o irmão com uma brincadeira que só as crianças devem entender. E como é precioso nos forçarmos a enxergar a vida com os olhos deles, para ver belezas puras e singelas.
É tudo tão enlouquecedor. Tudo passa tão rápido mas demora tanto para passar. Pedimos tanto que eles cresçam mas ao mesmo tempo choramos porque não são mais bebês. É uma mistura tão bizarra que só quem passa por isso vai entender.
E embora seja FODA, o casamento e os filhos continuam sendo altamente recomendados por mim. Crescimento e amadurecimento mútuos; nada é parecido com isso. Nenhuma experiência. Nenhum emprego. Nenhuma viagem. Nada traz a vivência deste conviver. Nada!
Meu beijo, com amor, e já pensando nas próximas férias!
L.


