Atibaia, 19 de março de 2018.
Ouvindo “Nó” – O Terno [Ouça você também! Adoro esta música!]
Este blog vai ficar extenso… é que era pra ele ter saído na semana passada, mas na hora de colocar os meninos pra dormir às 20h30, fui junto e só acordei no dia seguinte.
Três semanas atrás, fomos em família ao mercado no sábado, por volta de 19h. Normalmente fazemos isso aos domingos, mas não naquele final de semana.
Chegando lá nos deparamos com várias turmas e casais escolhendo as bebidas e carnes para o churrasco na casa dos amigos, e eu francamente só conseguia pensar: “que tempo bom!”
Lembrei do início do namoro, de como tudo é maravilhoso quando estamos apaixonados, como temos disposição, olhos brilhando. Por mais que a calmaria do amor seja um sentimento bom, às vezes sinto falta da espontaneidade e da cegueira positiva que sofremos nesta fase da relação.
Tive vontade de dizer àquelas pessoas que aproveitassem aquela fase da vida; eu só pensava em tomar um pileque e ficar com a cabeça leve, mas voltei pra órbita quando ouvi “mamãe, mamãe”.
Percebi que depois deste dia, os próximos foram esquisitos. Existem fases da vida que se tornam chatas; são muitos compromissos, responsabilidade, filhos exigindo mais que o normal, trabalho com demandas infinitas, passagens chatas do casamento.
Lembro que não parava de ouvir a música “Índios” do Legião que dizia “no meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi… tentei chorar e não consegui…”
E também teve… “e nesses dias tão estranhos fica a poeira se escondendo pelos cantos…”
E por ouvir Legião, eu me lembrei do escoteiro. Lembrei da minha adolescência. Das amizades. Tentei acessar pessoas daquela época pra ver se meu coração se acalmava, se eu me reencontrava, me resgatava. Foi estranho. Sofri quando percebi que tudo que vivi ficou no passado e que hoje nada mais é e nem será igual.
As pessoas de antes não são mais as pessoas de hoje. Tem vezes que me sinto um pouco ingênua demais em tentar manter certos sentimentos que um dia me fizeram bem; esqueço que algumas coisas na vida para darem certo precisam efetivamente de algo chamado re.ci.pro.ci.da.de.
É difícil isso acontecer comigo, mas diante de tanto ‘sentir’, entendi que era hora de me recolher.
Percebi que eu estava fugindo. Que eu queria acessar alguma outra versão de mim mesma que não esposa e nem mãe. Esses dois papeis me exigem muita responsabilidade… eu não queria mais ser tão responsável.
Já aconteceu com vocês?
Às vezes eu entro em colapso, especialmente quando meu casamento passa por situações estranhas. Não é culpa de ninguém, mas quando percebemos, somos soterrados pelo cotidiano, pelo dia a dia maçante, pela falta de cuidado, pela exaustão.
E aí eu sempre tento relembrar quantas já fui, quantas sou, quantas ainda serei.
Eu estava era com saudade de mim mesma. De não sentir cobranças. De viver com liberdade e tempo para fazer o que eu quisesse. Ler a hora que eu quisesse. Escrever a hora que eu quisesse. Assistir a programas de decoração e moda. Ver filmes adoráveis, sem interrupções, com calma. Ficar na rede. Caminhar tranquila. Sair, simplesmente.
Quando a vida entra nesta energia densa, eu normalmente me recupero fácil. Desta vez foi mais difícil. A gente tem que encarar nossos monstros internos, repensar o que tem nos deixado tão infelizes, sermos o mais transparente possível conosco – e com quem vive com a gente -, aceitar e acolher nossas fragilidades, lembrar que somos humanos e esperar que os dias passem para nos trazer de volta.
Era um sentimento ambíguo.
Sentia falta da Lillian do passado – livre – sem reconhecer a Lillian do presente – que enxerga beleza em tudo.
Depois de falar muito comigo mesma, as coisas começaram a se ajustar. Primeiro, em mim – depois, no outro.
Quem diria que uma simples ida ao mercado seria o estopim de mais um destes tantos momentos mais desafiadores da vida?
Quando a vida dá um nó
Não adianta sentir dó
De si mesmoHá uma chance de um novo começo
Um tempo bom pra fazer diferente
A gente pensa que sabe da gente
Mas nunca é tarde pra abrir nossa menteO sol voltou pra esquentar sua vida
Há um olá depois da despedida
Depois de tudo que você chorou
Lavou a alma e encontrou o amor
Passou, passou.
Meu beijo,
L.